nota de pesar: audálio dantas, 1929 - 2018

É com grande pesar que a Intercom recebe a notícia do falecimento de um de seus mais importantes colaboradores, o jornalista Audálio Dantas, que morreu em São Paulo no último dia 30 de maio, aos 88 anos, vítima de câncer.

Nascido em 8 de julho de 1929 em Tanque D’Arca, Alagoas, Audálio começou a trabalhar como repórter aos 17 anos de idade em São Paulo. Sempre muito atuante na defesa da categoria e do jornalismo, presidiu o Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Estado de São Paulo (1875-1978) e foi o primeiro presidente eleito por voto direto da Federação Nacional dos Jornalistas (FENAJ), em 1983. Também foi eleito deputado federal pelo MDB em 1978 e, desde 2016, era membro da Comissão Nacional de Ética da FENAJ.

Audálio Dantas foi um grande humanista – reconhecido oficialmente pelo Prêmio de Defesa dos Direitos Humanos da Organização das Nações Unidas (ONU), que recebeu em 1981. Já na década de 1960, sua sensibilidade social e artística na prática do jornalismo revelou uma relevante escritora brasileira: Carolina de Jesus, na época uma catadora de papel que morava em uma comunidade da periferia paulistana. Em 1975, denunciou que Vladimir Herzog fora torturado e assassinado pelo Doi-Codi, desmentindo a versão oficial de suicídio. Seu livro "As Duas Guerras de Vlado Herzog: da perseguição nazista na Europa à morte sob tortura no Brasil" recebeu o Prêmio Jabuti em 2013 e teve uma sessão de autógrafos especial durante o congresso Intercom Sudeste em 2014.

A comunidade acadêmica representada pela Intercom tem por Audálio Dantas profundo respeito e admiração, tanto por sua atuação como jornalista, escritor e humanista que combateu o regime militar e as desigualdades brasileiras, como por sua valorização do estudo sistemático dos fenômenos sociais da comunicação.