Pesquisadores(as) e especialistas lançam declaração sobre impacto da inteligência artificial na América Latina

22 de março de 2023

Pesquisadores(as) e especialistas reunidos no Encontro Latino-Americano de Inteligência Artificial (Khipu 2023), realizado entre os dias 6 e 10 de março na Universidad de La República, em Montevidéu, Uruguai, divulgaram uma declaração sobre o impacto da inteligência artificial (IA) na América Latina.

O texto, que já foi assinado por mais de 300 pessoas, elenca preocupações com o avanço da IA e ações consideradas fundamentais para que seu impacto na região seja o mais positivo possível, tais como: garantia dos direitos humanos; melhoria das condições de trabalho e combate ao desemprego; integração cultural e participação latino-americana no desenvolvimento de tecnologia; e soberania dos países da região para regulamentação da IA.

Confira abaixo a declaração na íntegra.

Confira todos(as) os(as) signatários(as) aqui e, para assinar a declaração, acesse este formulário.

DECLARAÇÃO DE MONTEVIDÉU SOBRE INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL E SEU IMPACTO NA AMÉRICA LATINA

Montevidéu, 10 de março de 2023

Os abaixo assinados, inicialmente reunidos na Khipu, o Encontro Latino-Americano de Inteligência Artificial, conhecemos o potencial produtivo dos sistemas de inteligência artificial, bem como os riscos que acarretam seu crescimento impensado. Em nosso papel como pesquisadores e desenvolvedores desses sistemas afirmamos que:

● As tecnologias em geral e os sistemas de Inteligência Artificial (IA), em particular, devem ser colocados ao serviço dos seres humanos. A melhoria da qualidade de vida, das condições laborais, econômicas, de saúde e bem-estar geral devem ser a nossa prioridade.

● A implementação da IA deve obedecer aos princípios orientadores dos Direitos Humanos, isto é, respeitar e representar diferenças culturais, geográficas, econômicas, ideológicas, religiosas, entre outras, e não reforçar estereótipos que aprofundem desigualdades.

● Por definição, a IA não deve prejudicar os seres humanos, e seu impacto ambiental deve ser minimizado. A avaliação e mitigação de riscos e impactos devem fazer parte do processo de concepção e devemos implementar ferramentas para prevenir, detectar muito cedo ou mesmo suspender a implementação de tecnologias cujos riscos são inaceitáveis.

● O impacto dessas tecnologias no emprego é um assunto que requer preocupação. A melhoria da produtividade deve ter uma correlação direta com a melhoria das condições de trabalho e da qualidade do trabalho, com atenção especial às populações mais vulneráveis. Qualquer transformação do mercado de trabalho deve dar atenção prioritária ao problema do desemprego e da precariedade, com medidas proativas e eficazes.

● A diversidade cultural deve ser tida em conta nos processos de concepção e treinamento de modelos de IA, já que o comportamento humano é moldado por diversos contextos. Caso contrário, corre-se o risco de excluir e minimizar o patrimônio cultural latino-americano que reivindicamos.

● É urgente integrar plenamente as particularidades das culturas latino-americanas na criação de tecnologias de IA para a região; uma criação pensada para e com latino-americanos, valorizando sua participação na pesquisa e no desenvolvimento, e não apenas como meros produtores de dados brutos ou anotações manuais de baixo valor agregado.

● É fundamental avançar na maior soberania dos países latino-americanos em relação às questões estratégicas e à regulamentação da IA. Esforços para formar pessoas do mais alto nível e desenvolver o pensamento crítico, como Khipu, são cruciais para essa soberania.

Propomos desenvolver critérios e padrões que nos permitam classificar essas tecnologias de acordo com seus riscos, de forma clara e transparente, a fim de promover políticas públicas que protejam o bem comum, sem obstruir os benefícios do desenvolvimento tecnológico. Desde a concepção de uma solução tecnológica baseada em IA, e não após a sua criação, devemos perguntar qual é o valor social que ela traz e os riscos envolvidos, com um olhar informado sobre a idiossincrasia latino-americana. Também é necessário analisar e comunicar honestamente suas limitações, sem exagerar suas capacidades ou fazer falsas promessas. Não há valor social em tecnologias que simplificam tarefas para poucos, gerando alto risco à dignidade de muitos, limitando as suas possibilidades de desenvolvimento e seu acesso aos recursos.

Signatários iniciais (em ordem alfabética):

● Amparo Marroquín Parducci, Universidad Centroamericana José Simeón Cañas, El Salvador

● Andres Lombana-Bermudez, Universidad Javeriana/Berkman Klein Center/Centro ISUR/Tierra Común, Colombia

● Beatriz Busaniche, Fundación Vía Libre / Universidad de Buenos Aires, Argentina

● Diego Galeano, Facultad de Ingeniería, Universidad Nacional de Asunción, Paraguay

● Eliana Quiroz, Fundación Internet Bolivia, Bolivia

● Fabrizio Scrollini, ILDA, Uruguay

● Federico Lecumberry, Universidad de la República, Uruguay

● Fernando Schapachnik, Fundación Sadosky / Instituto de Ciencias de la Computación UBA-CONICET, Argentina

● Ivana Feldfeber, Observatorio DataGénero, Argentina

● Jaime Gutiérrez Alfaro, Laboratorio Experimental, Instituto Tecnológico de Costa Rica, Costa Rica

● Jocelyn Dunstan Escudero, Pontificia Universidad Católica, Chile

● Juan de Brigad, Fundación Karisma, Colombia

● Juan Pane, Centro de Desarrollo Sostenible - Universidad Nacional de Asunción, Paraguay

● Julio Paciello, Centro de Desarrollo Sostenible - Universidad Nacional de Asunción, Paraguay

● Laura Ación, Instituto de Cálculo, Universidad de Buenos Aires-CONICET / MetaDocencia, Argentina

● Laura Alonso Alemany, Universidad Nacional de Córdoba, Argentina

● Luciana Benotti, Universidad Nacional de Córdoba, Argentina

● Maria Angela Petrizzo Paez, Universidad Nacional del Turismo, Venezuela

● Maria Ines Fariello Rico, Universidad de la República, Uruguay

● Maria Vanina Martinez, UBA - CONICET; IIIA-CSIC, Argentina/España

● Martín Rocamora, Universidad de la República, Uruguay

● Moshe Vardi, Rice University, Israel/USA

● Nayat Sánchez Pi, Inria, Chile/Francia

● Omar U. Florez, Utah State University / Universidad Nacional de San Agustín, Perú/USA

● Pablo Sprechmann, United Kingdom

● Paola Ricaurte, Tecnológico de Monterrey / Berkman Klein Center for Internet & Society / Red Feminista de Investigación en Inteligencia Artificial / Red Tierra Común, México

● Peter Norvig, Google, United States

● Rafael Grohmann, University of Toronto, Canadá

● Renata Avila, Open Knowledge Foundation, Guatemala

● Saiph Savage, Universidad Nacional Autonoma de Mexico (UNAM) / Northeastern University, México/USA

● Sandra Avila, Universidade Estadual de Campinas, Brasil

● Sasha Luccioni, Huggingface, Canada

● Susana Cadena, Fundación Datalat - Universidad Central del Ecuador, Ecuador

● Stuart Russell, University of California, Berkeley, United States

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