Por Regina Cunha (doutoranda PPGCOM/USP)
O III Encontro Internacional do Colégio de Brasilianistas da Comunicação foi realizado de 1 a 6 de setembro, no Centro Cultural Marques de Melo, em Pinheiros, e na sede Brigadeiro da Intercom. A abertura contou com a presença do professor José Marques de Melo, autor do projeto que já conta com um site na web, o Portal Mutirão do Brasileirismo Comunicacional, uma parceria entre a Cátedra UNESCO/Metodista de Comunicação para o Desenvolvimento Regional e a Intercom. Também participaram da cerimônia de abertura as ex-presidentes da Intercom Margarida Kunsh e Anamaria Fadul, além da diretora Administrativa da entidade, Sonia Jaconi.
Abertura teve sarau musical
Para Marques de Melo, a ideia de elaborar uma “obra enciclopédica sobre o brasileirismo comunicacional é uma aventura intelectual que o fascina desde os tempos de estudante de graduação”. A primeira mesa contou com a presença de Anamaria Fadul, que analisou os “Conceitos e Métodos: Taxionomia, Periodização e Tipologia”, um trabalho de pesquisa, elaboração e consolidação do conhecimento acumulado, através do registro e análise de todos manuais de comunicação e enciclopédias internacionais e nacionais, com o objetivo de contribuir para o fortalecimento do ensino e da pesquisa no campo da comunicação, tanto na graduação como na pós-graduação. Fadul também coordenou a Mesa “Matrizes Brasileiras: Matriz Contemporânea”, que homenageou o empresário Sinval Itacarambi, da Revista Imprensa. “Brasil Virtual” foi o tema da apresentação feita por Antônio de Andrade (Cátedra Unesco/UMESP). Ele mostrou ao público o Portal do Brasileirismo Comunicacional, que já conta com várias publicações em acesso aberto que podem ser baixadas gratuitamente por pesquisadores de todo o mundo.
Anamaria Fadul e Vamireh Chacon, à esq, e Alexandra, filha de Sinval Itacarambi, que recebeu a homenagem dedicada a seu pai
O conferencista Vamireh Chacon trabalhou a matriz histórica com a narrativa histórica da vida de Abreu Lima e de outros pernambucanos que participaram do ciclo revolucionário bolivariano e de outras utopias do século XIX. Os “Sons do Brasil” foi outro ponto importante do resgate histórico cultural dos brasilianistas nesse encontro. Cristina Schmidt recuperou a história da musa do folclore caipira, Inezita Barroso; já o jovem Gabriel Zerbinato contou a história de Luiz Gonzaga e apresentou as famosas músicas do Rei do Baião; e Rubens Lopes destacou o samba: nascido no morro, conhecido no globo.
Douglas Apratto Tenório
Na mesa “Protagonistas Inovadores”, Douglas Apratto Tenório (CESMAC-AL) falou sobre a vida e a obra de Delmiro Gouveia, empresário que desbravou o potencial hídrico do “Velho Chico” para industrializar o sertão nordestino. Magnólia Santos apresentou Octávio Brandão, o jovem cientista que enfrentou ventos e marés para comprovar a existência de petróleo às margens dos “canais e lagoas”. Entre as mulheres que fazem e escrevem a história do Brasil, foram destacadas Nise da Silveira (Luitgarde Barros); Zelia Leal Adghirne (Francisco de Assis); Rachel de Queiroz (Ranielle Moura); e Esther Bertoleth (Graças Caldas). E entre as figuras públicas que romperam os padrões vigentes na sociedade (preconceituosa e machista) do Brasil, ganharam relevo Jeny Pimentel, editora de revista feminista, chefe do próprio marido (por Osvando Morais) e Odete Lara, atriz que preservou a fama, na mocidade e na velhice, adaptando-se às mudanças da sociedade (por Paulo Schetino).
José Marques de Melo, com Douglas Apratto (à dir.), João Rodrigues Sampaio (ao centro) e Laércio de Amorim
A mesa “Escritores e Jornalistas Paradigmáticos” recuperou a história de vida de Lima Barreto (Sérgio Gadini); José Reis (Arquimedes Pessoni); e Ibrahim Sued (Isabel Travancas). Os 50 anos da Escola de Comunicação e Artes (ECA/USP) também foram lembrados na mesa do “Pensamento Comunicacional Uspiano: inovação criativa em tempo de crise”, quando, entre outros, Márcia Carvalho falou sobre Paulo Emílio Salles Gomes e a conservação do patrimônio cinematográfico nacional; Antônio de Andrade apresentou Donald Pierson, pioneiro da pesquisa empírica; e Jerusa Pires Ferreira falou sobre Boris Schnaiderman, brasileirista que lutou como pracinha brasileiro na II Guerra Mundial, narrando sua experiência em novela antológica.
No domingo, dia 4 de setembro, o encontro contou com a participação de pesquisadores que estudam as “Histórias de Vida e Ideias Configurantes do Pensamento Comunicacional Contemporâneo”, com coordenação de Monica Martinez e os palestrantes Lúcia Santaella (Umberto Eco), Christina Gobbi (Jorge Fernandez), Fátima Feliciano (Luiz Beltrão) e Christina Giácomo (Adriano Duarte). Santaella revelou que conheceu Umberto Eco no Congresso de Estudos Semióticos, em Viena, no ano de 1979. “Desde 1974, Pignatari ocupava o cargo de presidente da Associação Brasileira de Semiótica e, em 1977, junto com Antonio Riserio, fundamos a Associação Paulista de Semiótica, da qual me tornei presidente, pois Riserio decidiu retornar a Salvador. Em 1979, em Viena, havia uma grande delegação de brasileiros, com Pignatari representando o Brasil e eu representando São Paulo”, declarou Santaella.
Os “Colóquios Temáticos: Brasileirismos Singulares” tiveram a coordenação de Fernando Almeida e destacaram o Brasileirismo Político, do Império à República. E, no dia 6 de setembro, a vida de “Brasilianistas” foram contadas por pares brasileiros, revelando as recentes experiências de divulgação do “Brasileirismo Comunicacional em instituições acadêmicas de outros países. Doris Haussen destacou o trabalho de Gustavo Cimadevilla na Argentina; Guilherme Fernandes apresentou Christian Aguillar, do Chile; Eliane Mergulhão falou sobre Lúcia Castellon, do Chile; Fernando Paulino apresentou Francisco Sierra, do Equador; Ana Silvia Médola falou sobre Joseph Straubahar, dos Estados Unidos; Richard Romancini apresentou Raúl Fuentes, do México; Cicilia Peruzzo falou sobre Jorge Gonzalez, do México; e Karina Woitovicz apresentou o trabalho de Luiz Humberto Marcos, de Portugal.
Assim, durante quase uma semana as bases teóricas e metodológicas que estruturam as investigações científicas do campo comunicacional foram apresentadas e debatidas através das histórias de vida e obras de autores, artistas e profissionais que se destacaram no estudo, na divulgação e no fortalecimento do conhecimento sobre o Brasil.
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