Entidades divulgam carta em defesa da Rádio MEC AM

10 de julho de 2019

Foi divulgada no último dia 8 de julho uma carta em repúdio ao fechamento da Rádio MEC AM, anunciado no início do mês. A carta é assinada pela Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação (Intercom) e por seu Grupo de Pesquisa (GP) Rádio e Mídia Sonora, juntamente com a Federação Brasileira das Associações Científicas e Acadêmicas de Comunicação (Socicom), a Rede de Rádios Universitárias do Brasil (RUBRA), a Rede de Pesquisa em Radiojornalismo (RadioJor), a Associação Brasileira de Pesquisadores de História da Mídia Alcar), o Grupo de Trabalho História da Mídia Sonora da Rede Alcar e a Associação Brasileira de Professores de Jornalismo (Abej).

Confira a íntegra do texto:

“Pesquisadores e professores da área de Comunicação representados pelas entidades abaixo assinadas vêm a público repudiar a notícia de que a Rádio MEC AM será extinta no fim do mês, conforme publicado pelo colunista Lauro Jardim, de “O Globo”, na última sexta-feira, dia 5 de julho de 2019. A Rádio MEC AM é a mais antiga emissora em operação contínua, figurando entre as primeiras iniciativas de radiodifusão no país, ao lado da Rádio Clube de Pernambuco, criada em 1919. Com o nome Rádio Sociedade do Rio de Janeiro, foi inaugurada em 1923 por um grupo de intelectuais liderados pelo antropólogo Edgard Roquette-Pinto, um dos pioneiros da divulgação científica no Brasil. Em 1936, Roquette-Pinto doou a emissora ao Ministério da Educação, com a condição de que fosse assegurada sua preservação como rádio educativa e cultural. Com a extinção de sua fundação mantenedora, a MEC AM foi transferida na última década para a Empresa Brasil de Comunicação (EBC), holding de comunicação pública do governo federal.

O fim da Rádio MEC AM, portanto, é injustificável pois configura o rompimento de um contrato de cessão da emissora ao governo federal. Além disso, ofende a memória de Roquette-Pinto, que se dedicou por décadas à educação e à cultura nacional. Por seus estúdios e redações, passaram grandes nomes da cultura nacional, como os maestros Villa-Lobos, Isaac Karabtchevsky e Guerra Peixe, os escritores Mário de Andrade, Cecília Meireles, Carlos Drummond de Andrade, Rubem Braga, Fernando Sabino e Manuel Bandeira, a atriz Fernanda Montenegro, a cantora Bidú Saião e o jornalista Arthur da Távola.

Entendemos que, após o decreto que autorizou a migração de emissoras AM para a Frequência Modulada, em 2014, a sustentabilidade de quem permanecesse nas ondas médias ficaria comprometida. Apesar dos apelos de pesquisadores e professores de rádio, a EBC não solicitou a migração da MEC AM. É trágico que não tenha sido buscada uma solução para assegurar a viabilidade desse importante canal de comunicação pública e educativa, mantido por uma equipe de alto nível, a despeito de todas as dificuldades decorrentes da falta de investimentos básicos em infraestrutura na EBC nos últimos anos.

Solicitamos ao governo federal, na figura do secretário de Governo da Presidência da República, general Luiz Eduardo Ramos, que reveja a decisão e busque uma alternativa para a emissora, que há 96 anos promove a educação e a cultura, ajudando a integrar o território nacional. Sugere-se que a emissora seja realocada em FM e que retome sua denominação original, Rádio Sociedade do Rio de Janeiro.

Respeitosamente,

Grupo de Pesquisa Rádio e Mídia Sonora da Intercom

Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação (Intercom)

Federação Brasileira das Associações Científicas e Acadêmicas de Comunicação (Socicom)

Rede de Rádios Universitárias do Brasil (RUBRA)

Rede de Pesquisa em Radiojornalismo (RadioJor)

Associação Brasileira de Pesquisadores de História da Mídia (ALCAR)

Grupo de Trabalho História da Mídia Sonora (Associação Brasileira de História da Mídia - Rede Alcar)

Associação Brasileira de Professores de Jornalismo (ABEJ)”

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