EXPOCOM 2022: DRIBLANDO DESAFIOS DURANTE A PANDEMIA, ESTUDANTES PRODUZIRAM TRABALHOS EXPERIMENTAIS DE QUALIDADE

21 de setembro de 2022

A 29a edição da Exposição de Pesquisa Experimental em Comunicação (Expocom) foi concluída no dia 9 de setembro com uma emocionante festa no Auditório da Reitoria da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), em João Pessoa, marcando também o encerramento do 45º Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação (Intercom 2022). Se, para a Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação (Intercom), a festa do Expocom 2022 foi a celebração do retorno ao formato presencial após duas edições 100% remotas, para os(as) estudantes representou mais que isso: foi o merecido reconhecimento do imenso esforço de produzir trabalhos experimentais durante a pandemia de covid-19.

“Apuração jornalística requer não só telefonar, mas ir ao local. Durante todo o processo, eu e Thiago Novaes, que assina o trabalho comigo, só nos conversamos a distância”, lembra Rogério Antônio de Lima Júnior (UFMT), que ganhou o prêmio nacional na modalidade Jornalismo 09 – Reportagem em jornalismo impresso, com o trabalho “Das grades ao palco: a arte que resgata vidas”. “Rogério e Thiago enfrentaram muitos desafios desde a concepção da reportagem até o contato com as fontes. Por se tratar de um tema delicado, foi complexo fazer as entrevistas por videoconferência, e o próprio processo de orientação foi extremamente complicado. Isso sem contar os desafios da própria universidade pública”, completa Tamires Ferreira Coêlho (UFMT), que orientou o trabalho.

O distanciamento também foi um grande desafio para Sandy Palczuk e Henrique Gomes Andrade (Unicentro), vencedores na modalidade Produção Transdisciplinar 07 – Charge/caricatura/ilustração com uma ilustração que compõe o trabalho de conclusão de curso (TCC) “A voz dos sinais”. “Cerca de 80% desse trabalho foi desenvolvido na pandemia. Só fui conhecer o Henrique pessoalmente tempos depois, quando o projeto já estava quase finalizado. Em condições normais, fazer um trabalho e levá-lo para um congresso já é desafiador. Mas, no contexto de pandemia que a gente viveu, com todas as dificuldades de cada um, foi muito mais”, recorda Sandy. Ela descreve a experiência de ganhar o troféu do Expocom nacional como “incrível e gratificante”, mas reflete que é muito mais do que uma conquista pessoal. “Saímos do Paraná, no Sul do Brasil, para levar nossa personagem Letícia, uma menina surda que usa aparelho auditivo, para a Paraíba, no Nordeste. Foi uma experiência inexplicável mostrar um pouquinho do que nos dedicamos na faculdade. Mas, para isso, tivemos todo o apoio da universidade, do nosso orientador... Quando você tem uma universidade e professores que te apoiam, você tem tudo: consegue até trazer um prêmio nacional para casa”, afirma.

Rogério acrescenta que o Expocom é importante para fomentar as experiências de pesquisa experimental na universidade pública: “Ir apresentar o trabalho e voltar com ele reconhecido permite que mais estudantes de nossa universidade façam o mesmo. O prêmio simboliza essa força que move o curso, que resiste apesar das dificuldades”. Segundo a professora Tamires, vivenciar um grande congresso científico foi enriquecedor para todas e todos os estudantes da UFMT: “A ida a João Pessoa foi muito especial, um momento intenso de reencontro e aprendizagem. Inclusive, alguns alunos conheceram o mar pela primeira vez”.

Ao todo, 235 trabalhos experimentais foram finalistas na etapa nacional, após terem sido vencedores nas cinco etapas regionais do primeiro semestre. As apresentações foram realizadas na Uninassau – instituição parceira da UFPB na organização do Intercom 2022 – em João Pessoa, ocasião em que o júri pôde avaliar e selecionar os trabalhos vencedores de cada modalidade.

“As produções experimentais finalistas e vencedoras do Expocom de 2022 transbordam a força criativa e a capacidade transformadora da atual juventude brasileira, cuja conjuntura dificulta e até mesmo impede a materialidade de seus sonhos. Sem embargo, é das adversidades que também brotam feitos louváveis, a exemplo das obras representantes das cinco regiões do país na etapa nacional do prêmio promovido pela Intercom”, afirma Derliz Moreno (UNILA), que atuou como avaliador em diversas modalidades das categorias Produção Transdisciplinar, Rádio, TV e Internet, Cinema e Audiovisual, Publicidade e Propaganda e Jornalismo.

Com tantos desafios permeando diferentes aspectos da vida dos(as) estudantes – acadêmico, econômico, familiar, sanitário –, a festa de premiação teve uma dose extra de emoção neste ano. “Ver o Auditório da Reitoria da UFPB cheio foi incrível. Depois de dois anos anunciando os vencedores para a tela do computador, poder presenciar as expressões de estudantes e professores – desde a apreensão e a ansiedade antes do anúncio até a euforia da comemoração – não tem preço. E isso, acredito, vale para mim, como coordenadora do prêmio, mas também para os demais coordenadores e, sobretudo, para os estudantes e professores participantes”, comemora Ariane Pereira (Unicentro), diretora Cultural da Intercom e coordenadora geral do Expocom. “Como eu disse no início da festa de premiação, o Expocom deste ano tem um sabor de vitória para todos nós, que estamos inseridos no ensino superior. Afinal, em 2020 e 2021 fomos para o ensino remoto de modo emergencial e, sobretudo, produzimos também a distância, vencendo muitos desafios e dificuldades como o distanciamento, a ausência de contato entre integrantes de grupos, entre estudantes e professores, entre estudantes e fontes ou clientes, a impossibilidade de acesso a equipamentos das universidades… E veja: o Expocom premia produções práticas, produtos comunicacionais, e a comunicação só se dá na medida em que há contato entre as pessoas. Então, termos tido o Expocom em 2022 significa uma vitória da comunidade acadêmica, que seguiu produzindo conhecimento mesmo em meio à pandemia e ao sucateamento do ensino superior”, completa.

Conheça os vencedores da etapa nacional do Expocom 2022 aqui.

Em 2023, vem mais Expocom por aí! Coordenadores(as) de curso e professores(as) orientadores(as) de instituições de ensino superior (IES) públicas e privadas de todo o Brasil já podem ficar de olho nas produções experimentais de seus(suas) alunos(as), pois são as IES que indicarão trabalhos às etapas regionais no início do ano letivo. Para tanto, Sérgio Clemente, mestre em Comunicação pela Universidade de São Paulo (USP) e avaliador do Expocom desde 2010, dá algumas dicas: “O Expocom é uma grande chance de mostrar o esforço de cada escola. Se o coordenador de curso e os docentes fizerem um panorama dos trabalhos que são desenvolvidos ao longo do ano e relacioná-los com as modalidades do Expocom, as faculdades conseguirão, com certeza, fazer muito mais submissões”, recomenda. “E uma mensagem importante: que o professor orientador acompanhe o aluno durante a produção dos relatórios, porque muitas vezes recebemos o TCC inteiro (e não a parte que se enquadra na modalidade em que o trabalho está inscrito) e o trabalho é eliminado. É bacana que tanto o orientador quanto o aluno tenham ciência do Regulamento, para não errar na submissão”, conclui.

Fica o convite para o Expocom 2023!

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