22 de dezembro de 2022
A Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação (Intercom) encerra 2022 celebrando seus 45 anos de existência com esperanças renovadas. Em 2022, nossa comunidade de pesquisadores(as), estudantes e docentes se reencontrou nos primeiros congressos presenciais desde 2019, o que nos ajudou a ganhar força para enfrentar os imensos desafios colocados à universidade, à ciência, aos direitos humanos e à democracia. Para 2023, as esperanças de um cenário mais positivo virão acompanhadas de muito trabalho, pois todos compartilharemos a responsabilidade de reconstruir o Brasil.
“O ano de 2022 foi marcado pelo reencontro, justamente por ter sido o ano do retorno às atividades presenciais depois dos eventos remotos, por conta da pandemia. O processo é de adaptação a uma nova realidade e de fortalecimento institucional e pessoal para toda a comunidade que faz o campo da Comunicação no Brasil. Perdemos familiares, amigos, amigas e colegas. Enfrentamos o negacionismo e reafirmamos o valor das ciências da comunicação na defesa da vida. Em 2022, nos reencontramos enquanto comunidade que, fortalecida e esperançosa, mais do que nunca, se une em torno de um projeto de reconstrução do país”, afirma Juliano Domingues (Unicap), presidente interino da Intercom. “Se 2022 foi de ‘reencontro’, 2023 deve ser de ‘reconstrução’. Não por acaso, o tema do nosso congresso nacional defende essa pauta. Nossa expectativa é contribuir com esse processo pelo qual o país já está passando, de mudança, com produção de conhecimento e militância em defesa da Educação, da Ciência e da Tecnologia. O horizonte é a construção de um país mais justo e soberano, o que passa, necessariamente, pelo combate às desigualdades. E a Comunicação é parte fundamental dessa pauta.”
O tema a que o professor Juliano se refere é “Comunicação e políticas científicas: desmonte e reconstrução”, escolhido a partir das propostas dos Grupos de Pesquisa (GPs) da Intercom e que guiará todos os congressos da entidade no ano que vem: os cinco congressos regionais, no primeiro semestre, e o 46º Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação, programado para setembro na Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (PUC Minas) em Belo Horizonte.
RENOVAÇÃO E ENCONTROS
O ano começou com duas mudanças importantes para a Intercom: a reformulação dos Prêmios Estudantis, que voltaram a reconhecer o mérito de teses, dissertações e trabalhos de conclusão de curso (TCCs) indicados por cursos de graduação e pós-graduação do Brasil; e a reestruturação da área científica da entidade, com a ativação dos 33 novos GPs selecionados por meio de chamada pública em 2021.
O primeiro semestre foi movimentado. Logo nos primeiros meses, instituições de ensino superior de todo o país se mobilizaram para indicar trabalhos tanto aos Prêmios Estudantis quanto ao Expocom, mostra competitiva de pesquisa experimental desenvolvida no nível da graduação. Ao todo, 702 trabalhos concorreram nas cinco etapas regionais, dos quais 235 foram para a etapa nacional, realizada em setembro, durante o congresso nacional. Com trabalhos de qualidade realizados ainda no período de ensino remoto e híbrido, em 2021, os(as) estudantes participantes demonstraram sua resiliência e nos encheram de orgulho.
Entre maio e junho, cerca de 2,7 mil pesquisadores(as), estudantes e docentes participaram dos cinco congressos regionais, que, além dos trabalhos do Expocom, também tiveram mais de 500 artigos científicos submetidos ao Intercom Júnior e às Divisões Temáticas. Depois de dois anos sendo substituídos pelo Encontro Intercom Inter-regiões, os regionais voltaram a ter as apresentações de trabalho, mesmo com o Norte e o Centro-Oeste mantendo o formato virtual.
Ainda no primeiro semestre, a Cátedra em Comunicação e Informação Intercom – José Marques de Melo realizou sua quarta temporada de lives, com 21 sessõesinspiradas pelo tema da Intercom neste ano, “Ciências da Comunicação contra a desinformação”. As lives estão disponibilizadas no YouTube e no Facebook da Intercom, além de terem sido transformadas em podcast pelo PapoCom, projeto do grupo de pesquisa PráxisJor (PPGCOM-UFC).
Também no ambiente on-line, o Fórum Ensicom, espaço da Intercom dedicado à reflexão sobre ensino, pesquisa e extensão em Comunicação no Brasil, realizou três edições do Café Ensicom. A curricularização da extensão nos cursos de graduação em Comunicação foi discutida em maio por Maria Elisabete Antonioli (ESPM/SP) e Rogério Eduardo Rodrigues Bazi (PUC-Campinas) e, em outubro, por Cicilia Maria Krohling Peruzzo (Uerj/Ufes/UFBA) e Maria Ataide Malcher (UFPA). E, em novembro, Eduardo Meditsch (UFSC) e Valci Zuculoto (UFSC) conversaram sobre “Tendências do Ensino de Comunicação: produção acadêmica e divulgação científica”. Todos esses encontros estão gravados e disponibilizados no YouTube.
O grande reencontro foi em setembro: o 45o Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação (Intercom 2022) reuniu cerca de 1,7 mil pessoas em João Pessoa, na Paraíba. Organizado pelo Centro de Comunicação, Turismo e Artes (CCTA) e pelo Departamento de Comunicação (Decom) da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), com coordenação de Norma Meireles, professora da UFPB e diretora Regional Nordeste da Intercom, o congresso marcou o retorno presencial e também o início das celebrações de 45 anos da Intercom. Ao todo, o Intercom 2022 teve 965 artigos submetidos aos GPs e ao Intercom Júnior, 41 oficinas e minicursos, 235 trabalhos experimentais no Expocom, 16 eventos (entre colóquios, simpósios, encontros e mesas temáticas) e 42 livros lançados no Publicom. Permeando todas as atividades, o tema central – “Ciências da Comunicação contra a desinformação” – foi apresentado por Eugênio Bucci (ECA-USP) na conferência de abertura do 45º Ciclo de Estudos Interdisciplinares da Comunicação, que está disponível no YouTube.
A maratona de eventos da Intercom foi concluída agora em dezembro, com a live 45 Anos da Intercom na visão dos ex-presidentes e a IX Conferência do Pensamento Comunicacional Brasileiro (Pensacom Brasil 2022), que reuniu cerca de 180 pesquisadores(as) e profissionais da Comunicação no Centro de Pesquisa e Formação (CPF) do Sesc-SP, em São Paulo. Com o tema central “Independência, Comunicação e Cultura: olhares contemporâneos”, o evento celebrou e discutiu o bicentenário da independência brasileira e o centenário da Semana de Arte Moderna, além de marcar os 45 anos da entidade.
RECONHECIMENTOS
Além das premiações regionais e nacional do Expocom, a Intercom realizou a primeira edição dos Prêmios Estudantis no novo formato e a 24a edição do Prêmio Luiz Beltrão de Ciências da Comunicação.
Nos Prêmios Estudantis, 53 trabalhos foram inscritos, dos quais dez foram reconhecidos nas quatro categorias: Doutorado, Mestrado Acadêmico, Mestrado Profissional e Graduação. Para além do reconhecimento dos esforços pessoais dos(as) pesquisadores(as) participantes, a premiação incentiva a produção de conhecimento e contribui para a consolidação do campo científico da Comunicação.
Já o Prêmio Luiz Beltrão reconheceu o trabalho do Núcleo Interdisciplinar de Estudo, Pesquisa e Extensão em Comunicação, Gênero e Feminismos Maria Firmina dos Reis na categoria Grupo Inovador, e da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) na categoria Instituição Paradigmática; Francisco de Assis (Cásper Líbero) recebeu o prêmio de Liderança Emergente, e Alberto Efendy Maldonado Gómez de la Torre (Unisinos) foi homenageado como Maturidade Acadêmica. Pedro Nunes Filho (UFPB) recebeu o Troféu José Marques de Melo de Maturidade Acadêmica Regional.
Na cerimônia de premiação, realizada na noite de 7 de setembro no Cine Aruanda, na UFPB, como parte da programação do Intercom 2022, o tom foi de defesa do ensino superior e da pós-graduação no campo da Comunicação no Brasil. “O Prêmio Luiz Beltrão de Ciências da Comunicação deste ano refletiu, mesmo que de maneira involuntária, o espírito do momento: resistência às investidas contra o Estado Democrático de Direito e as muitas instituições que são fiadoras dele – em especial, a ciência e o ensino superior. O prêmio de Maturidade Acadêmica, por exemplo, foi concedido a um docente de um Programa de Pós-Graduação em Comunicação com um conceito alto e que foi descontinuado recentemente (a notícia do encerramento das atividades veio à tona pouco tempo depois do anúncio dos ganhadores)”, comentou Ariane Pereira (Unicentro), diretora Cultural da Intercom e coordenadora das premiações da entidade.
MOBILIZAÇÃO E LUTA
Notas de repúdio tornaram-se praxe, sendo uma forma de expressar a luta travada cotidianamente pela comunidade acadêmica e pela sociedade brasileira. Além de se manifestar contra o fechamento de programas de pós-graduação da Unisinos, a Intercom também assinou nota de pesar pelo assassinato do indigenista Bruno Pereira e do jornalista britânico Dom Phillips, em junho; o manifesto “Pela ciência, educação, liberdade de expressão e de cátedra e democracia, é urgente derrotar Bolsonaro no 2º turno”, em outubro; e uma nota pedindo que o artigo 73 fosse retirado do Projeto de Lei (PL) 7.082/2017, que dispõe sobre a pesquisa clínica com seres humanos e institui o Sistema Nacional de Ética em Pesquisa Clínica com Seres Humanos, em novembro. Além disso, em agosto tornou-se signatária do movimento Democracia Pede Socorro, em defesa da integridade eleitoral.
Em muitos casos, a Intercom tem se manifestado por meio da Federação Brasileira de Associações Científicas e Acadêmicas de Comunicação (Socicom), de cujo Conselho Deliberativo faz parte, e/ou em conjunto com outras entidades. Cada vez mais fundamental para reivindicar mudanças, barrar retrocessos e defender a ciência e a democracia, a união de forças também orientou outras parcerias da Intercom neste ano. Por exemplo: a entidade participou da 74ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), conduzindo quatro atividades virtuais em julho; compôs a Comissão Organizadora do 44º Prêmio Jornalístico Vladimir Herzog de Anistia e Direitos Humanos; e marcou presença no XVI Congresso da Associação Latino-Americana de Investigadores da Comunicação (Alaic), em setembro em Buenos Aires.
Já a Cátedra Intercom consolidou sua atuação colaborativa na América Latina, com a realização do segundo encontro anual da Rede Latino-Americana de Cátedras e Observatórios de Comunicação e Informação para a Cidadania e a Cultura, a atualização da Carta Cidadã (AL21) e a ampliação de cátedras e observatórios integrantes.
PUBLICAÇÕES
Produção de conhecimento e divulgação científica estão entre as missões da Intercom, que em 2022 ganhou alcance com diversas publicações.
A publicação dos três periódicos atualmente mantidos pela entidade foi reorganizada no site revistas.intercom.org.br, que também inclui o acervo de revistas descontinuadas. Assim, os(as) leitores(as) agora podem acessar todos os títulos em um só lugar.
A Intercom – Revista Brasileira de Ciências da Comunicação (RBCC) seguiu em seu processo de ciência aberta e adotou o modelo de publicação contínua, com 24 artigos, dois textos na seção Arena e uma entrevista em seu volume 45 (2022). A Revista Iniciacom, uma das únicas voltadas à iniciação científica em Comunicação no Brasil, publicou dois números neste volume 11: o primeiro, de julho, trouxe dez artigos abrangendo diversos temas e áreas da Comunicação, além de uma entrevista sobre comunicação e educação sexual; e o segundo, lançado em setembro no congresso nacional, com 15 textos selecionados na chamada de trabalhos deste ano, divididos entre o dossiê temático “Ciências da Comunicação contra a desinformação” e a seção livre. Na ocasião do lançamento do v. 11, n. 2, a Diretoria Científica da Intercom anunciou que a revista passará de dois para quatro números anuais, com publicações em março, junho, setembro e dezembro a partir de 2023. E a Revista Insólita, periódico publicado pela Intercom em parceria com o Programa de Pós-graduação em Comunicação da Universidade Anhembi Morumbi (PPGCOM-UAM), colocou no ar seu v. 2, n. 1 em agosto.
E o livro foi muito celebrado no Intercom 2022: 42 títulos selecionados via chamada pública foram lançados no Publicom, com a presença dos(as) autores(as); e uma feira de livros foi montada em parceria com algumas das principais editoras acadêmicas do Brasil. Entre as obras, três saíram com o selo Intercom: os dois e-books com trabalhos e conferências do Intercom 2021 (“Comunicação e resistência: práticas de liberdade para a cidadania” e “Comunicação e resistência: práticas de liberdade para a cidadania – olhares de jovens pesquisadores”; e “Comunicação e Ciência: reflexões sobre a desinformação”, com artigos produzidos pelos GPs a partir da quarta temporada das Lives Cátedra Intercom. Diversos GPs da Intercom também lançaram coletâneas no Publicom, como o GP Comunicação e Religiões, o GP Cinema e o GP Ficção Televisiva Seriada.
A Intercom publicou, ainda, o livro “10 anos da Lei de Acesso à Informação: limites, perspectivas e desafios”, em parceria com a Universidade de Brasília (UnB) e com evento na Câmara dos Deputados. E, em dezembro, foi lançado o e-book “Comunicação e Sociedade: métodos freirianos”, que reúne trabalhos apresentados no Pensacom Brasil 2021.
A Intercom está orgulhosa e grata pela força e coragem de pesquisadores, pesquisadoras, docentes e estudantes neste ano tão desafiador. Em 2023, vamos ampliar nossos esforços para apoiar nossa comunidade, promover um espaço de ainda mais acolhimento e afeto, produzir e disseminar conhecimento, e contribuir para a reconstrução de uma sociedade mais justa e igualitária. Contamos com você!
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