JOSÉ MARQUES DE MELO, 80 ANOS: HOMENAGENS INCLUEM DEPOIMENTOS E CHAMADA PARA LIVRO

15 de junho de 2023

Neste 15 de junho, José Marques de Melo faria 80 anos. E, para celebrar a vida e a obra de um de seus principais fundadores, a Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação (Intercom) lançará uma chamada de trabalhos para a publicação de um livro eletrônico especial.

Pesquisadoras, pesquisadores, ex-colegas de trabalho, ex-orientados podem submeter uma proposta de artigo de até 15 páginas sobre temáticas relacionadas à vida e à obra do professor, incluindo relatos de experiências, pesquisas realizadas em parceria, reflexões sobre teorias ou conceitos. Cada pesquisador(a) pode enviar um único artigo, mas pode ser coautor(a) de outros trabalhos. A chamada de trabalhos será divulgada em breve, e o prazo para envio dos trabalhos será de 1º de julho a 30 de setembro. A previsão é que o livro seja lançado durante o X Pensacom Brasil, em dezembro de 2023, “Essa é uma das homenagens que a Diretoria Executiva da Intercom programou para celebrar os 80 anos do professor Marques de Melo e sua grande contribuição para o campo da Comunicação no Brasil e na América Latina”, afirma a professora Ivanise Andrade, Diretora de Comunicação da entidade e uma das organizadoras do livro. “Esperamos receber muitas contribuições de pessoas que conviveram, estudaram e trabalharam com ele. Tem muita história boa envolvendo o professor, que precisa ser contada.”

HOMENAGENS

Os perfis da Intercom no Facebook @intercomcomunicacao e no Instagram @intercom_oficial marcam o 80º aniversário de José Marques de Melo com vídeos de dois depoimentos especiais: um gravado por seu amigo e colaborador de longa data Osvaldo Meira Trigueiro (UFPB) e outro, por Flávio Menezes Santana (UESPI), um de seus últimos orientandos.

“Conheci o professor José Marques de Melo em 1974 em Recife, por meio de Roberto Benjamin, que na época era meu professor no curso de Jornalismo da Universidade Católica de Pernambuco. Foi uma convivência em toda a minha vida acadêmica”, afirma o professor Trigueiro. “Participamos da primeirapesquisa sobre audiência de TV no Brasil, antes da criação da Intercom. Organizamos juntos ‘Luiz Beltrão – Pioneiro das Ciências da Comunicação no Brasil’ (2008), publiquei artigos e capítulos em outros livros coordenados por ele e estivemos lado a lado em muitos eventos da Intercom e da Rede Folkcom”, recorda.

Osvaldo Trigueiro lembra-se do dia em que recebeu a notícia da morte de Marques de Melo: “Estava no aeroporto em Brasília, a caminho do encontro da Folkcom em Parintins. Dois ou três dias antes, tínhamos conversado sobre organizar a publicação de minha dissertação de mestrado – ele me cobrava isso, pois achava que era referencial para os estudos de audiência no Brasil – e de minha tese de doutorado. Ficamos de planejar essas duas publicações em Parintins”.

Saiba mais sobre essa história de amizade no blog do professor Osvaldo Trigueiro.

Flávio Santana também conheceu o professor Marques de Melo em Recife, durante a XVIII Conferência Brasileira de Folkcomunicação, em 2017, no ano seguinte a sua graduação em Comunicação. “Foi quando o conheci pessoalmente, pois já lia seus livros e referenciava suas obras em todas as minhas pesquisas dentro e fora da graduação”, relata. Naquele mesmo ano, o professor Flávio iniciou seu mestrado na Universidade Metodista de São Paulo sob a orientação de Marques de Melo. “A primeira indicação foi do professor Severino Lucena, da Universidade Federal Rural de Pernambuco e da Rede Folkcom. Depois dessa indicação, procurei o amigo Ricardo Alvarenga, que era orientando do professor Marques e já havia me perguntado se eu não gostaria de fazer mestrado na Metodista. Foi a partir daí que visualizei a possibilidade de ingressar na pós-graduação e apresentar meu projeto ao professor Marques. Ricardo cuidou da mediação, me recebeu na Metodista e me apresentou ao professor. Em novembro de 2017 eu já estava em São Paulo, na residência de Marques de Melo, discutindo o projeto ao lado dele”, lembra.

A dissertação “O caranguejo e a construção da Identidade Cultural de Aracaju: uma análise folkcomunicacional” foi defendida em 2020, cerca de dois anos após a partida de José Marques de Melo. “Ao eterno professor José Marques de Melo (in memorian), por toda atenção, carinho, incentivo e confiança nos meses que passamos juntos; e à sua esposa, Silvia Briseno Marques Melo, que se manteve presente, mesmo com a ausência do mestre”, escreve o professor Flávio na página de agradecimentos de sua dissertação.

SOBRE JOSÉ MARQUES DE MELO

As Ciências da Comunicação, especialmente no Brasil e na América Latina, não seriam o que são hoje sem as contribuições do professor Marques de Melo, um articulador fundamental para a consolidação da pesquisa e do ensino nesse campo.

Filho de mãe descendente de holandeses e pai comerciante, o jovem José Marques de Melo cresceu na cidade de Santana do Ipanema, no sertão de Alagoas. Segundo ele, sua formação foi “eclética”: após o primário e o ginásio em escolas públicas, fez o Científico em Maceió e Recife, com bolsa de estudos obtida graças às notas altas. Em 1960, ano do vestibular, a família já havia decidido que ele seria engenheiro. Porém, tendo trabalhado em jornais na adolescência, seu interesse era mesmo pelo jornalismo. O jovem estudante entrou em acordo com o pai e passou em direito da Universidade Federal do Pernambuco, sem abrir mão do curso de jornalismo na Universidade Católica de Pernambuco, recém-criado pelo Prof. Luiz Beltrão. Duas faculdades e um emprego na Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste (Sudene) lhe renderam uma formação ampla. “Foi a partir da minha entrada na Universidade Católica de Pernambuco, com Luiz Beltrão, que eu, na verdade, tive a minha melhor formação”, afirmou ao projeto Memória Intercom. “E a faculdade de direito também foi importante porque eu, na verdade, convivi com a geração que, depois, teve muita participação no país inteiro.” Além disso, ainda encontrava tempo para militar no Partido Comunista e participar do Movimento de Cultura Popular, criado pelo então governador alagoano Miguel Arraes.

Assim que os militares deram o golpe, em 1964, Marques de Melo foi preso. Em 1965, fez o mestrado e, logo depois, foi convidado por Luiz Beltrão para substituí-lo na Católica de Pernambuco. Porém, em 1966 a situação em Recife ficou insustentável e ele se mudou para São Paulo, onde sua carreira acadêmica se desenvolveu. “Eu não planejei ser professor. Eu queria ser jornalista (...) Em suma, eu tinha o complexo do repórter. Mas acontece que o golpe de 64 mudou completamente as nossas perspectivas de vida.”

Ao chegar a São Paulo, conseguiu uma cadeira na Cásper Líbero – “Eu tenho um histórico de entrada e saída da Cásper Líbero, fui demitido lá três ou quatro vezes” – e trabalhava no Instituto de Estudos Sociais e Econômicos (Inese) redigindo relatórios de pesquisa. Em 1967, assumiu a cátedra de teoria e prática do jornalismo na recém-criada Escola de Comunicação e Artes da Universidade de São Paulo (ECA/USP). Sobre o início na USP, o Prof. Marques de Melo contou: “Fui o mais jovem regente de cátedra de São Paulo, e todo mundo ficou de olho em cima de mim. Primeiro, porque eu era nordestino. Havia um preconceito aqui. Eu tive que fazer aula de dicção para falar paulistês”. Foi na USP que ele obteve o doutorado em 1973. Novamente para escapar de perseguições políticas, partiu para um pós-doutorado nos Estados Unidos, onde ficou um ano – aliás, foi o primeiro bolsista de pós-doutorado da área de comunicação na Fapesp. Ao retornar, foi demitido da USP e só readmitido com a anistia de 1979. Nesse intervalo, em uma busca desesperada por trabalho, foi contratado pela Metodista – onde, em 1994, instituiu a Cátedra Unesco de Comunicação para o Desenvolvimento Regional.

Em dezembro de 1977, liderou um grupo de acadêmicos(as) e profissionais na criação da Intercom. “Talvez a primeira missão que a Intercom teve no Brasil foi legitimar a área de Comunicação como uma área acadêmica”, afirmou.

José Marques de Melo faleceu em 20 de junho de 2018. Mas, como diziam os bótons distribuídos no congresso nacional da Intercom em setembro daquele ano, ele sempre estará presente.

Visite o Projeto Memória Intercom para saber mais.

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