Entidades e personalidades pedem justiça por Bernadete Pacífico

4 de setembro de 2023

Entidades, grupos e pessoas físicas dos campos das Ciências da Comunicação e dos Direitos Humanos publicaram um manifesto exigindo a punição dos responsáveis pelo assassinato da Yalorixá e líder quilombola Bernadete Pacífico, ocorrido em 17 de agosto na Bahia. A Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação (Intercom) faz coro à importante demanda, representada na carta por alguns de seus Grupos de Pesquisa, pela Brasileira das Associações Científicas e Acadêmicas de Comunicação (Socicom) e por Juliano Domingues (Unicap), seu atual vice-presidente e presidente eleito.

Confira a íntegra do texto:

JUSTIÇA PARA BERNADETE PACÍFICO

As entidades, pessoas e grupos abaixo relacionados vêm a público manifestar o seu grande anseio de que os mandantes e autores da cruel execução da Yalorixá e líder quilombola Bernadete Pacífico, de 72 anos, ocorrido no dia 17 de agosto de 2023, sejam punidos! É mais uma mulher negra que tomba! É mais uma pessoa negra, que é violentamente assassinada, mesmo tendo solicitado proteção do Estado.

Bernadete, dirigente do Quilombo Pitanga de Palmares, localizado no município de Lauro de Freitas, na Bahia, estava à frente da luta pelos direitos do povo quilombola e também viu seu filho tombar, Flávio Gabriel Pacífico dos Santos, Binho do Quilombo, em 2017, segurando essa mesma bandeira. Infelizmente as lindas letras da constituição que garantem a proteção e os direitos dos povos tradicionais não foram suficientes para barrar as 12 balas direcionadas ao seu corpo de mulher idosa. A chamada constituição cidadã não tem chegado até o povo negro desse país! Mesmo sob pedidos de proteção. Mesmo diante de anos de luta e mobilizações.

Esperamos que a subida ao poder de um governo democrático altere a política de segurança desse país e se diferencie da necropolítica baiana e de outros estados. As pessoas negras, em particular a juventude, têm sido as principais vítimas de homicídio do país, representando 71% do total, segundo dados do Atlas da Violência, de 2022. A Bahia está na liderança do ranking nacional como o Estado com o maior número de pessoas mortas por policiais, chegando a 22,7%, segundo dados do Anuário de Segurança Pública, de 2023! E, infelizmente, a esquerda que está no poder há 13 anos na Bahia, não tem adotado qualquer medida efetiva para acabar com o módus operandi de seu aparato de segurança. Ao contrário, tem, publicamente, elogiado a ação da polícia militar do Estado. Bernadete Pacífico vive em nós! E vive em todo povo que exige condições dignas de vida e moradia!

Vive no povo quilombola e indígena que tem tombado na luta desigual e sangrenta pela terra.

Justiça para Bernadete Pacífico!

Justiça para Mariele Franco!

Justiça para todo povo negro e indígena que tem tombado na luta por direitos!

Assinam e apoiam,

Grupo de Pesquisa Comunicação Antirracista e Pensamento Afrodiaspórico da Intercom

Grupo de Pesquisa Rhecados – Hierarquizações raciais, comunicação e direitos Humanos

Grupo de Pesquisa Folkcomunicação da Intercom

Grupo de Pesquisa Comunicação e Religiões da Intercom

Socicom – Federação Brasileira das Associações Científicas e Acadêmicas de Comunicação

Associação Brasileira de Pesquisadores em Comunicação e Política (Compolítica)

Grupo de Estudos em Educação Ambiental desde el Sur

Instituto Mário Schenberg

Associação Brasileira de Psicologia Social (ABRAPSO)

Mariana Reis - Irdeb/UPI

Cátedra Luiz Beltrão de Comunicação da Universidade Católica de Pernambuco (Unicap)

Rede Nacional de Combate à Desinformação (RNCD Brasil)

Janine Bargas - UFCSPA

Juliano Domingues - Unicap/UPE

Cláudio Bezerra - Unicap

Mariana Nepomuceno Unicap / FPS

Danilo Borges e Silva de Araújo - UFPE

Manoel Severino Moraes de Almeida - Advogado/ UNICAP/PE

Cátedra Unesco/Unicap de Direitos Humanos Dom Helder Câmara

Centro Dom Helder Camara de Estudos e Ação Social (Cendhec)

Grupo de Pesquisa Comunicação e Desenvolvimento Regional e Local Intercom

Instituto Devir Educom, Santos, SP, mantenedor do Projeto Memórias em Rede

Tarcizio Silva - UFABC/SP