CONHEÇA A NOVA DIRETORIA DA INTERCOM: PAULO VICTOR PURIFICAÇÃO MELO, DIRETOR DE PROJETOS

18 de outubro de 2023

O JORNAL INTERCOM segue apresentando a nova Diretoria Executiva da Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação (Intercom), que tomou posse no dia 7 de setembro, durante o 46º Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação (Intercom 2023), em Belo Horizonte, e que conduzirá a entidade até setembro de 2026. Nesta edição, a comunidade da Intercom tem a oportunidade de conhecer Paulo Victor Purificação Melo, que está à frente da Diretoria de Projetos.

Atualmente, o professor Paulo Victor Melo está em Lisboa, Portugal, onde realiza pós-doutorado sobre tecnovigilância no Instituto de Comunicação da Universidade Nova de Lisboa (ICNOVA FCSH) e atua como docente no Instituto de Artes Visuais, Design e Marketing (IADE), da Universidade Europeia. No Brasil, é coordenador do Centro de Comunicação, Democracia e Cidadania da Universidade Federal da Bahia (CCDC-UFBA). Formado em Jornalismo Multimídia pela Universidade do Estado da Bahia (Uneb), com mestrado em Comunicação e Sociedade pela Universidade Federal de Sergipe (UFS), doutorado em Comunicação e Cultura Contemporânea pela UFBA e pós-doutorado na Universidade da Beira Interior (Portugal), recebeu em 2019 a Comenda Senador Abdias Nascimento, concedida pela Assembleia Legislativa de Sergipe, por sua atuação na área de comunicação e antirracismo. Na Intercom, foi um dos formuladores do curso on-line “Comunicação, Raça e Racismo: questões conceituais e agendas de pesquisa”, oferecido pela entidade em 2021, participou da criação do Grupo de Pesquisa (GP) Comunicação Antirracista e Pensamento Afrodiaspórico (do qual foi vice-coordenador) e foi membro do Conselho Consultivo.

“A Intercom é uma das associações científicas mais importantes para as Ciências da Comunicação. Em nível nacional, é ela – por sua capilaridade – que tem condições de articular pesquisadores e pesquisadoras de diversas universidades, de diferentes partes do país e de graus distintos. É no congresso nacional da Intercom que um estudante em estágio inicial de pesquisa pode encontrar e conversar com uma professora ou professor que seja sua referência teórico-conceitual”, avalia o novo diretor de Projetos. “Para além disso, por sua história de defesa democrática, a Intercom tem relevância também no debate público. Se o conhecimento científico deve servir à sociedade, entendo a Intercom como um ente privilegiado na formulação de ideias e propostas que possam contribuir para que a comunicação seja diversa, plural e democrática. Atravessamos há pouco uma pandemia que veio acompanhada – e fortalecida – por uma onda negacionista. É tarefa da Intercom, e temos condições para isso, contribuir no enfrentamento à desinfodemia. Por fim, acredito que temos também uma importância em nível internacional, enquanto possibilidade de liderança, por exemplo, de articulações e mobilizações com outros países da América Latina ou de língua oficial portuguesa, especialmente os da África.”

Neste início de mandato, o professor Paulo Victor pretende fazer um diagnóstico do que a Diretoria de Projetos da Intercom tem realizado e um levantamento das potenciais melhorias, buscando fazer isso de forma colaborativa e participativa com associados e associadas. Em entrevista realizada por e-mail, ele explicou sua visão para a gestão 2023-2026. Confira:

JORNAL INTERCOM – Em termos gerais, quais são suas expectativas e sua visão para a Diretoria de Projetos?

PAULO VICTOR – Minha expectativa principal é que consigamos materializar os princípios que apresentamos aos associados e às associadas da Intercom no momento da eleição: escuta, diversidade e colaboração. Ou seja, temos agora o compromisso de garantir mecanismos que promovam o diálogo permanente entre instâncias da entidade e os pesquisadores e as pesquisadoras que a integram; efetivar a representação diversa e plural nos nossos fóruns, eventos e processos decisórios; e incentivar a participação ativa das pessoas que constroem a Intercom, tanto na proposição quanto na execução das ações. Isso tudo tem a ver com a instituição de uma cultura política que favoreça o protagonismo dos sócios e sócias, que é o meu maior desejo para a nossa gestão.

JORNAL INTERCOM – Quais serão os focos de sua gestão?

PAULO VICTOR – Na Diretoria de Projetos, e isso está alinhado com o conjunto da Diretoria, temos dois objetivos fundamentais: fortalecer, entre nossos associados e associadas, o sentimento de pertencimento à Intercom; e ampliar o diálogo da entidade com os diferentes segmentos da sociedade. Relativamente ao primeiro objetivo, pretendemos criar ou consolidar mecanismos em que a filiada e o filiado percebam a Intercom no seu cotidiano, para além dos congressos. Esse processo será iniciado com uma escuta aos próprios sócios e sócias, para termos um diagnóstico dessa questão. E, sobre o segundo objetivo, a ideia é integrar a Intercom a redes e articulações da sociedade civil e, ao mesmo tempo, qualificar a nossa intervenção nos debates sobre as políticas públicas de comunicação e também de ciência e tecnologia. De forma resumida, o nosso propósito é tornar a Intercom uma voz ainda mais relevante, aliada a outras vozes igualmente importantes, nos grandes temas das Ciências da Comunicação no Brasil. E queremos fazer isso não apenas pela Diretoria, mas através da participação dos nossos filiados e filiadas.

JORNAL INTERCOM – A Diretoria de Projetos atuará em parceria com outras diretorias?

PAULO VICTOR – Sim. Na verdade, algo que já está pactuado nesta gestão é a de que não funcionaremos como “caixas” estanques. Ao contrário, temos entre nós o compromisso de construir todos os processos de forma colaborativa também dentro da própria Diretoria. As ações que mencionei anteriormente, por exemplo, serão empreendidas de forma coletiva, algumas entre três ou quatro diretores(as). Ouso afirmar que qualquer iniciativa que tenha uma caráter exclusivista, de uma única Diretoria, terá muita dificuldade em ser consolidada institucionalmente. Isso é uma necessidade democrática não somente da Intercom, mas de qualquer coletivo, seja ele científico ou não.

JORNAL INTERCOM – Como a Diretoria de Projetos poderá contribuir para a concretização da proposta da nova Diretoria, que se baseia nos pilares Escuta, Antirracismo, Diversidade, Colaboração, Igualdade?

PAULO VICTOR – Além de princípios da Diretoria enquanto coletivo, esses são princípios que busco preservar em minha trajetória pessoal e profissional. Portanto, a Diretoria de Projetos terá compromisso firme com políticas internas e ações externas que avancem no antirracismo, na diversidade e na igualdade, além da escuta e colaboração, que já citei antes. Por exemplo: a Diretoria de Projetos defenderá que a nossa participação em eventos se baseie também pelo critério da diversidade. Para explicar melhor: queremos aumentar a nossa intervenção nos debates públicos, evidenciando também a diversidade da população brasileira. Dito de outra forma: não me parece coerente, pensando o antirracismo, que a Intercom esteja em mesas de discussões formadas apenas por pessoas brancas. E aqui é importante frisar que o problema não são as pessoas, mas a lógica da branquitude enquanto norma, enquanto padrão, que tem como um dos efeitos o epistemicídio das populações negra e indígena. Isso se aplica também às comissões e aos júris que venhamos a constituir e às mesas dos nossos congressos. Precisamos – e a Diretoria de Projetos atuará neste sentido – de uma Intercom diversa e plural, em termos étnico-raciais, de gênero, de território e de acessibilidade, como é a sociedade brasileira e como é, cada vez mais, a universidade no Brasil.

Acompanhe, aqui no JORNAL INTERCOM e nas redes sociais da entidade no Facebook @intercomcomunicacao e no Instagram @intercom_oficial, a série sobre a Diretoria Executiva 2023-2026.

Confira a primeira matéria da série, que apresenta o professor Fernando Ferreira de Almeida e sua visão para a Diretoria Administrativa.