Prorrogado prazo para livro sobre aportes brasileiros à teoria dos gêneros jornalísticos

18 de outubro de 2023

Pesquisadores(as) de gêneros jornalísticos ganharam mais alguns dias para submeter propostas de capítulo para o livro sobre os aportes brasileiros à área organizado por Francisco de Assis e Marli dos Santos (Facasper). O novo prazo para submissão é segunda-feira, 23 de outubro.

As propostas devem ser enviadas para os e-mails francisco@assis.jor.br e marlijor58@globo.com em forma de resumo expandido (entre 6.000 e 7.000 caracteres), contendo tema, problema de pesquisa, marco teórico, corpus, metodologia a ser empregada e outras observações necessárias para a compreensão do aprofundamento que se espera dar à discussão, além de um título provisório.

Doutores(as) e doutorandos(as) podem submeter propostas individualmente. Pesquisadores(as) em outros níveis de formação podem ser coautores(as) de pelo menos um(a) doutor(a).

Os aceites serão divulgados até 16 de novembro e, em fevereiro de 2024, será realizado um seminário virtual para partilha do andamento das pesquisas, relatoria e discussão em grupo. A partir desse debate, os(as) deverão fazer os ajustes necessários em seus capítulos, que deverão ser entregues até março.

Confira a ementa:

Teoria dos gêneros jornalísticos: aportes brasileiros (título provisório)

Eleger os gêneros jornalísticos como objeto de estudo e/ou de pesquisa significa dar atenção a um território que carece de constante revisão. O percurso trilhado por pesquisadoras e pesquisadores de diferentes nacionalidades e vinculados a várias correntes de pensamento (Atorresi, 1996; Gargurevich, 2004; Casasús & Ladevéze, 1991; Martín Vivaldi, 1973; Gomis, 2008; Marques de Melo, 2003; Chaparro, 2008; Seixas, 2009; Marques de Melo & Assis, 2010; 2016; Seixas & Pinheiro, 2013, entre outros) já demonstrou que a questão é complexa, por vezes controversa, e remete a um fenômeno em constante mudança, porque estribado nas transformações que afetam a própria prática do jornalismo.

Atentos a essa condição de impermanência que caracteriza o objeto, as autoras e os autores acima indicados, bem como outros tantos que ofereceram/oferecem contribuição a esse particular, ocuparam-se primordialmente da tarefa de propor e de revisar classificações, muitas vezes incorrendo no descuido de não projetá-las devidamente em universos teóricos devidamente balizados ou, mesmo, no equívoco de reproduzir o senso comum, resultando não raramente em apreciações não muito claras (Bonini, 2003). Podemos arriscar mesmo a dizer que o trabalho de investigação sobre os gêneros esteve, na maioria das vezes em que foi empreendido, essencialmente fixado na dimensão taxonômica e ancorado em conceitos às vezes distantes das evidências identificadas empiricamente.

Em coletânea que buscou fazer um balanço sobre o tratamento dado aos gêneros em seis décadas de pesquisa acadêmica no Brasil (Marques de Melo & Assis, 2020), constatou-se que se, por um lado, houve avanços significativos nas abordagens e ampliaram-se de maneira considerável seus horizontes de apreciação, por outro, no entanto, os esforços se voltaram basicamente à definição de conceitos destinados a amparar classificações, à busca por encontrar vestígios dessas categorias no trabalho desempenhado pela imprensa ou, ainda, à identificação de possíveis novos gêneros e formatos, assim como ao reconhecimento do caráter híbrido de certas produções. Um arcabouço teórico dedicado a esmiuçar as dimensões estruturantes dos gêneros jornalísticos, enquanto disciplina do campo jornalístico, ficou relegado a segundo plano, aparecendo com um pouco mais concentrado em algumas obras individuais e dispersamente em trabalhos coletivos.

Nossa proposta, portanto, busca agir na lacuna existente, por meio de um esforço conjunto a resultar num “livro colaborativo”, que se construirá a partir de intercâmbios, diálogos e cooperações estabelecidas entre os participantes que aderirem à proposta. A fim de zelar pela qualidade do produto editorial a ser disponibilizado, as propostas de capítulo serão primeiramente avaliadas por comissão de pareceristas e, posteriormente, durante o andamento de sua produção, submetidas à apreciação dos pares, em seminário dedicado ao aprofundamento das questões levantadas pelos proponentes aprovados.

Sugestões de temas que podem ser abordados pelos capítulos:

  • O que são os gêneros jornalísticos.
  • O(s) lugar(es) ocupado(s) pelos gêneros na rotina dos jornalistas.
  • Os fundamentos que embasam a constituição dos gêneros.
  • Sentidos atribuídos aos gêneros pelos agentes que operam o jornalismo.
  • Interfaces de gêneros e formatos jornalísticos com outros campos do conhecimento
  • As diferentes filiações teóricas que permitem compreender os gêneros.
  • As relações de interdependência ou de autonomia entre gêneros, formatos e tipos.
  • As mudanças no mundo do jornalismo e seu reflexo na prática dos gêneros.
  • O caráter híbrido de gêneros e formatos.
  • A condição de “contrato de leitura” dos gêneros.
  • Os gêneros na percepção dos agentes que os operam.
  • O embate entre objetividades e subjetividades na constituição dos gêneros.
  • Aspectos da pesquisa brasileira sobre gêneros jornalísticos.

Bibliografia de apoio:

ASSIS, Francisco de. Por que – e a partir de que – estudar os gêneros? In: PATRÍCIO, Edgard (Org.). Transformações no mundo do trabalho do jornalismo. Florianópolis: Insular, 2022. p. 373-380. Disponível em: https://insular.com.br/produto/transformacoes-no-mundo-do-trabalho-do-jornalismo/

ASSIS, Francisco de. Dez anos depois, algumas considerações a fazer: ensaio sobre a necessidade de uma epistemologia dos gêneros jornalísticos. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE CIÊNCIAS DA COMUNICAÇÃO, 45., 2022, João Pessoa. Anais... São Paulo: Intercom, 2022. Disponível em: https://www.portalintercom.org.br/anais/nacional2022/resumo/0804202221472162ec689989f52

ATORRESI, Ana. Los géneros periodísticos. Buenos Aires: Edixiones Colihue, 1996.

BONINI, Adair. Os gêneros do jornal: o que aponta a literatura da área de comunicação no Brasil? Linguagem em (Dis)curso, Tubarão, v. 4, n. 1, p. 205-231, jul./dez. 2003. Disponível em: https://portaldeperiodicos.animaeducacao.com.br/index.php/Linguagem_Discurso/article/view/263

CASASÚS, Josep Maria; LADEVÉZE, Luis Núñez. Estilos y géneros periodísticos. Barcelona: Ariel Comunicación, 1991.

CHAPARRO, Manuel Carlos. Sotaques d’aquém e d’além mar: travessias para uma nova teoria de gêneros jornalísticos. São Paulo: Summus, 2008.

GARGUREVICH, Juan. Géneros periodísticos. Quito: Ciespal, 2004.

GOMIS, Lorenzo. Teoría de los géneros periodísticos. Barcelona: UOCpress, 2008.

MARQUES DE MELO, José. Jornalismo opinativo: gêneros opinativos no jornalismo brasileiro. 3. ed. Campos do Jordão: Mantiqueira, 2003.

MARQUES DE MELO, José; ASSIS, Francisco de (Orgs.). Gêneros jornalísticos no Brasil. São Bernardo do Campo: Universidade Metodista de São Paulo, 2010.

MARQUES DE MELO, José; ASSIS, Francisco de (Orgs.). Gêneros jornalísticos: estudos fundamentais. Rio de Janeiro, São Paulo: PUC-Rio, Loyola, 2020.

MARQUES DE MELO, José; ASSIS, Francisco de. Gêneros e formatos jornalísticos: um modelo classificatório. Intercom – Revista Brasileira de Ciências da Comunicação, São Paulo, v. 39, n. 1, p. 39-56, jan./abr. 2016. Disponível em: https://www.scielo.br/j/interc/a/YYXs6KPXhp8d7pRvJvnRjDR/?format=pdf&lang=pt

MARTÍN VIVALDI, Gonzalo. Géneros periodísticos. Madrid: Paraninfo, 1973.

SANTOS, Marli dos. Hibridização e novos formatos. In: PATRÍCIO, Edgard (Org.). Transformações no mundo do trabalho do jornalismo. Florianópolis: Insular, 2022. p. 380-387. Disponível em: https://insular.com.br/produto/transformacoes-no-mundo-do-trabalho-do-jornalismo/

SEIXAS, Lia. Redefinindo os gêneros jornalísticos: proposta de novos critérios de classificação. Covilhã: LabCom Books, 2009. Disponível em: https://www.labcom.ubi.pt/ficheiros/20110818-seixas_classificacao_2009.pdf

SEIXAS, Lia; PINHEIRO, Najara Ferrari (Orgs.). Gêneros: um diálogo entre Comunicação e Linguística. Florianópolis: Insular, 2013.

TEMER, Ana Carolina Rocha Pessôa. O lugar dos gêneros nas rotinas do jornalismo. In: PATRÍCIO, Edgard (Org.). Transformações no mundo do trabalho do jornalismo. Florianópolis: Insular, 2022. p. 368-373. Disponível em: https://insular.com.br/produto/transformacoes-no-mundo-do-trabalho-do-jornalismo/

intercom BRIGADEIRO

SÃO PAULO - SP
Novo Telefone e WhatsApp: (11) 9.4178-8528
AV. BRIG. LUÍS ANTÔNIO, 2.050 - CONJ. 36- BELA VISTA
CEP: 01318-912 - São Paulo - SP
SECRETARIA@INTERCOM.ORG.BR



HORÁRIO DE ATENDIMENTO:

Atendimento telefônico e whatsapp: Segunda a sexta-feira, das 10h às 17h.

Atendimento presencial: Terça-feira, das 8h às 12h e das 13h às 17h. Quinta-feira, das 10h às 12h e das 13h às 17h.

As visitas à sede da Intercom deverão ser agendadas previamente através do telefone / whatsapp: (11) 9.4178-8528 ou pelo e-mail secretaria@intercom.org.br




Desenvolvido por Kirc Digital - www.kirc.com.br